Puno, tudo por acaso.


Puno é a cidade que se abre ao famoso Lago Titikaka. O lago navegável mais alto do mundo que pertence não só ao Peru  como também ao país vizinho, a Bolívia. Facilmente se pode sentir os 3800 metros através da respiração ofegante depois de subir um simples lance de escadas. É uma cidade que acolhe os turistas que rumam às diferentes ilhas do lago e que se desenvolveu sem ordem ou qualidade. No centro encontram-se simplesmente restaurantes para turistas onde a palavra Pizza não falta. Não estava preocupada, a minha estadia apenas tinha como propósito visitar as ilhas flutuantes e seguir até à Bolívia. Infelizmente uma das minhas companheiras desta viagem, a Rita, ficou doente e prolongou a nossa estadia. É verdade, estou a viajar com uma amiga Portuguesa e, ultimamente, com uma amiga suiça que fiz no trek do Canhão de Colca. Agora que a Rita já se sente melhor, agradeço-lhe. O dia que passei em Puno fez com que pudesse ter mais uma experiência local marcante e que certamente irá ficar para sempre na minha memória. Pela manhã decidi ir ao mercado local, ver se encontrava alguma erva milagrosa para a má disposição da Rita. Aí apercebi-me que é costume o uso de diversas saias, podem chegar às 5, assim como duas tranças atadas com um tradicional atilho e um chapéu serrano. Mais tarde vim a saber que estas senhoras tão características em puno são conhecidas pelas “Cholitas”. 

Pela tarde, sem saber o que fazer por não querer embarcar em tours massificados, decidi ler o Lonely Planet. Descobri que era possível aceder a antigos túmulos incas em Cutimbo, conhecidos localmente como “Chullpas”, de autocarro local. E assim o fiz. Fui conhecer mais um local em plena montanha andina onde a presença de turistas era nula. A aventura começou na combi (carrinha de 16 lugares) ao sentir que os serranos queriam falar comigo mas o castelhano perdia-se nas palavras em Aymara, a cultura e dialecto local. Subi o monte, caminhei e absorvi mais uma vez o quão mágico é poder usufruir de um local assim sozinha. De regresso, optei por apanhar um autocarro. Repleto de “Chollitas” voltou a ser uma experiência autêntica. Cheias de Curiosidade perguntavam donde era, o que se falava no meu país e o que estava a fazer no Peru. Eu, apesar de elas não saberem, estava cheia de curiosidade para saber o porquê dos seus costumes. Aproveitei e desenvolvi conversa para mais de meia hora de viagem. 

Decidi escrever sobre este ponto distinto da minha viagem porque são estas interacções que irão permanecer para sempre na minha memória. Conversas tão fugazes, mas que se tornam tão valiosas. 




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