As ilhas flutuantes do lago Titikaka.

Ainda por Lima e com a ajuda do Lonely Planet desenhei mentalmente o trajecto que gostaria de percorrer durante este mês. O lago Titikaka estava nos planos, principalmente a ilha do sol, que já pertence à Bolívia. Sabia da existência da comunidade Uros, das ilhas flutuantes peruanas, mas não pretendia passar por lá. O próprio guia de viagens dizia que muitos viajantes achavam os tours a estas ilhas desinteressantes, caros e com pouca interacção. E quase todas as pessoas com que me cruzava partilhavam a mesma opinião. Felizmente o meu plano foi alterado devido à ajuda de um alemão com que me cruzei uns dias antes. Facultou-me o número da família que o acolheu nas ilhas de Uros. Uma família que pratica turismo vivencial. A Cristina e o Victor têm o seu lodge na ilha Uros Khantati e acolhem os turistas mostrando os seus hábitos, rotinas e explicando a essência do povo de Uros. As ilhas de Uros são feitas de Totora, uma cana que permite construir a própria ilha e as suas tradicionais casas.  Assim, a pesca e o corte da Totora  são as principais actividades das 370 famílias que habitam Uros. Ultimamente, o turismo contribui para o desenvolvimento da comunidade ao promover diversas actividades como o alojamento, artesanato ou a restauração. E assim, assume-se como a principal receita da comunidade. 

Este foi um dos bons investimentos que fiz durante esta viagem. Investimento? Porque considero 100 soles (aproximadamente 15€) investimento? Em viagens de longa duração, o nosso budget facilmente fica apertado.  Apesar de ser relativamente barato, euro com euro, faz o saldo ficar negativo e por vezes algumas opções que tomamos são desnecessárias. No entanto, neste complexo senti que o dinheiro que gastei é bem utilizado pela família na busca de melhores condições para prestarem os seus serviços. Extremamente asseados, a ilha num estado de conservação único, como é difícil encontrar por vezes em terrra firme, o uso de painéis solares para gerar electricidade e casas de banho com sistemas de banho seco (sistema muito utilizado por vezes nos concertos (as casas de banho portáteis) e têm aulas para desenvolver as suas capacidades de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável. Um verdadeiro resort construído em palha por uma humilde família!! 

Cada sole gasto é um bom investimento, pela simpatia, pela experiência e pelo empenho! 
Senti-me por um dia num conto de fadas :).








Puno, tudo por acaso.


Puno é a cidade que se abre ao famoso Lago Titikaka. O lago navegável mais alto do mundo que pertence não só ao Peru  como também ao país vizinho, a Bolívia. Facilmente se pode sentir os 3800 metros através da respiração ofegante depois de subir um simples lance de escadas. É uma cidade que acolhe os turistas que rumam às diferentes ilhas do lago e que se desenvolveu sem ordem ou qualidade. No centro encontram-se simplesmente restaurantes para turistas onde a palavra Pizza não falta. Não estava preocupada, a minha estadia apenas tinha como propósito visitar as ilhas flutuantes e seguir até à Bolívia. Infelizmente uma das minhas companheiras desta viagem, a Rita, ficou doente e prolongou a nossa estadia. É verdade, estou a viajar com uma amiga Portuguesa e, ultimamente, com uma amiga suiça que fiz no trek do Canhão de Colca. Agora que a Rita já se sente melhor, agradeço-lhe. O dia que passei em Puno fez com que pudesse ter mais uma experiência local marcante e que certamente irá ficar para sempre na minha memória. Pela manhã decidi ir ao mercado local, ver se encontrava alguma erva milagrosa para a má disposição da Rita. Aí apercebi-me que é costume o uso de diversas saias, podem chegar às 5, assim como duas tranças atadas com um tradicional atilho e um chapéu serrano. Mais tarde vim a saber que estas senhoras tão características em puno são conhecidas pelas “Cholitas”. 

Pela tarde, sem saber o que fazer por não querer embarcar em tours massificados, decidi ler o Lonely Planet. Descobri que era possível aceder a antigos túmulos incas em Cutimbo, conhecidos localmente como “Chullpas”, de autocarro local. E assim o fiz. Fui conhecer mais um local em plena montanha andina onde a presença de turistas era nula. A aventura começou na combi (carrinha de 16 lugares) ao sentir que os serranos queriam falar comigo mas o castelhano perdia-se nas palavras em Aymara, a cultura e dialecto local. Subi o monte, caminhei e absorvi mais uma vez o quão mágico é poder usufruir de um local assim sozinha. De regresso, optei por apanhar um autocarro. Repleto de “Chollitas” voltou a ser uma experiência autêntica. Cheias de Curiosidade perguntavam donde era, o que se falava no meu país e o que estava a fazer no Peru. Eu, apesar de elas não saberem, estava cheia de curiosidade para saber o porquê dos seus costumes. Aproveitei e desenvolvi conversa para mais de meia hora de viagem. 

Decidi escrever sobre este ponto distinto da minha viagem porque são estas interacções que irão permanecer para sempre na minha memória. Conversas tão fugazes, mas que se tornam tão valiosas. 




Montanhas, trekking e muita aventura. Arequipa e Canón del Colca.



Arequipa está situada no sudoeste do Peru e o centro histórico é considerado património cultural da humanidade pela Unesco devido à sua  arquitectura colonial tão diferente das principais cidades do Peru, Lima e Cusco. As fachadas são em pedra branca geometricamente trabalhada e sem os tradicionais balcões em madeira deixados pela colonização espanhola, mas sim arcos e abóbodas. Para os peruanos, vir de viagem a Arequipa significa boa comida. A gastronomia ariquipenha é um dos pontos fortes, não tanto para os turistas e backpackers que utilizam Arequipa como ponto de passagem, mas mais para os locais. Por aqui ainda não tive a oportunidade de comer muitos dos deliciosos pratos sem ser o bife de Alpaca, mas no festival mistura em Lima foi possível provar o tradicional ‘Chupe de Camarones’. O tradicional 'queso helado' também se pode encontrar em lugares característicos, como se pode ver na fotografia e é delicioso. 





A cidade de Arequipa é o ponto de passagem obrigatório para o famoso trekking no ‘Canón del Colca’ (Canhão de Colca). Este canhão é o segundo mais profundo do mundo mundo que alcança até 4160 metros de profundidade. Há os mais diversos treks e visitas de 1, 2, 3 ou 5 dias. Optei pelo trek de três dias, mais relaxado e com tempo para aproveitar as piscinas, absorver a paisagem e a cultura locais. Custou 210 soles, aproximadamete 60€, incluíndo o bilhete turístico que custa 70 soles. Este tour permite a explicação sobre as rotinas dos povos da região de Colca, que assim tem o seu nome devido à junção de duas fortes culturas pré-incas, Collahua e Cabana. Hoje, ainda é possível observar os trajes típicos nos seus residentes, o que torna a experiência única. Dormir nos alojamentos locais e presenciar os seus modos de vida, leva-nos a viajar no tempo. A verdade é que há diversas vilas dentro do canhão e os seus habitantes vivem do que a fértil terra lhes dá, através de tradições e costumes que advém das culturas inca e pré-inca.  Simplesmente não consomem o que a sociedade moderna lhes oferece. Não precisam. Fazem as suas próprias bebidas, curativos e medicamentos. 


A riqueza que adquiro pelo contacto com estes rituais, tradições e costumes é única e difícil de transmitir. Espero que consigam ter uma ideia. Amanhã sigo para Puno, para as ilhas flutuantes do lago Titicaca. 










.  


Lima é Ceviche. Lima é cinzenta, mas Lima tem vida.


Lima “La gris” assim é conhecida a cidade que me tem acolhido nos últimos meses. Tal como a caracterizam, a maior parte do tempo está cinzenta, parece, triste, sozinha e sem rumo. O sol aparece raramente, mais constantemente no último mês, uma vez que o verão se está a aproximar. Tal como em Lisboa, os peruanos entusiasmam-se com o sol. Passeiam pelos jardins e ruas, vão à praia e as esplanadas ficam preenchidas. Em várias conversas com família e amigos perguntam-me se não sinto falta do sol. E tenho de confessar que sim. Só que Lima tem tanta personalidade que faz com que os seus habitantes se esqueçam deste pequeno, grande pormenor. Inclusive, os Lisboetas como eu.   

Desta experiência, que queria que fosse na América do Sul, tinha como intuito conhecer o estilo de vida deste lado do mundo. Perceber se me poderia ou não adaptar aos seus costumes, se poderia ser um possível lugar para completar uns anos da minha vida profissional. Lima pode ser esse lugar. Adaptei-me .. criei o meu estilo de vida, mesmo que com dias cinzentos, na perfeição passo os meus dias como gosto. Com programas,  ceviche, muito ceviche, conhecer restaurantes, surfadas, passeios, teatro, cultura, salsa, festa (q.b. e que faz parte) e mercados. Esta cidade adapta-se ao meu budget e eu adapto-me a ela. 

Quando viajo sinto saudades da comida portuguesa, parece que me move na direcção de Portugal. Uma força suprema que me atrai e faz sentir saudades de tantas outras coisas. Talvez seja essa uma das razões  para a ausência dessa força. A minha paixão por Lima: a comida e as pessoas com quem fui criando laços de amizade, onde sinto que sou acarinhada de uma forma única. Todo este tempo tive a oportunidade de ser conduzida pelos melhores locais para comer ceviche, pelos mais diversos mercados, pelos conhecidos restaurantes: La Mar, Punto Azul ou Segundo Muelle Levaram-me a conhecer a essência da comida Criolla (comida dos arredores de Lima e que vem das camadas mais pobres da população), da comida Chifa (comida chinesa com toque peruano) de fusão, como o tão conhecido restaurante Tanta do Chefe Gastón Acúrio. Sem claro faltar o Sushi, que tem um toque único e claramente peruano com os seus makis acevichados entre outros. 

Assim estimulo o pensamento para completar a ausência do sol, da família, dos amigos portugueses  





Fui ao norte. O retiro em Lobitos.



O sinal chegou. O meu telefone recebia chamadas a dizer para ir ao Norte. Tinha de esperar pelo momento exacto para a entrada do swell e de folga na faculdade. Estava entusiasmada e mal pude marquei para o fim de semana prolongado de 31 de Outubro a minha ida a Lobitos. Decidi embarcar sozinha, mas enquanto me perguntavam onde ia no passar o ‘Halloween’ consegui motivar amigos peruanos e franceses. 

Construí mentalmente a ideia do local pelo que me descreviam. Sabia que ia ter um tempo de retiro onde procurar a onda perfeita é a única preocupação. Tive a sorte de já ter realizado algumas viagens cujo o surf é o único propósito. Estou habituada a destinos de surf. E Lobitos é assim, vive e respira surf devido às longas e boas ondas que tem a sua costa. É uma pequena cidade perdida no norte do Perú, que se tem desenvolvido nos últimos anos devido à presença dos surfistas e bodyboarders que aqui rumam. Fica a cerca de meia hora de Talara, o ponto de desembarque para quem chega de autocarro. Surfcamps, algumas mercearias e dois ou três restaurantes satisfazem as necessidades dos surfistas. Assim, comprar comida aquando a chegada a Talara é obrigatório, para poupar e poder ter mais alternativas.  

Procurava um tempo assim, para recordar os dias que já passei em outras ‘surftrips’. Há muito tempo que já não sentia esta sensação mista de cansaço e felicidade por fazer aquilo que mais gosto. Possivelmente só um surfista  reconhece este sentimento, mas qualquer pessoa que faça aquilo que lhe dá mais prazer na vida, sabe quão bom é chegar ao fim do dia cansado, mas satisfeito e de sorriso na cara. Renova a alma e sintoniza o coração.

Estou feliz! 






Percebi a essência de Machu Picchu. De viagem por Cusco e pelo Vale Sagrado.


A primeira grande viagem que fiz dentro do Peru foi ao sítio mais representativo e característico deste maravilhoso país. Definitivamente, é a imagem de marca, a energia e a essência deste povo. A sensação que tenho é que a grande maior parte das pessoas associa o Peru a Machu Picchu, mas depois de umas semanas a viver em Lima, descobri que este país facilmente se promove por muito mais que Machu Picchu, há muito mais para trabalhar e aproveitar. O ceviche pode ser a cara deste país, aliás a comida. As pessoas. As diversas culturas. As ondas. Há muito, muito para explorar por aqui.   

A ida a Cusco não deixava de ser obrigatória e nada melhor do que aproveitar o fim da época seca. Em novembro já começa a época das chuvas e descobrir o vale sagrado dos Incas à chuva torna-se bem mais doloroso. Cusco é a cidade colonial e talvez aquela que mais influencia teve durante a colonização espanhola. É uma cidade serrana que acolhe todos os turistas que vão de viagem ao vale sagrado, num ambiente descontraído e acolhedor. Antiga capital do império Inca, agora é boémia e encantadora. Terraços de madeira e jardins interiores, dão espaço a restaurantes feiras e mercados. A preços baratos é o melhor local para nos perdermos nas sementes, iguarias e recordações andinas.   

Fui contra roteiros programados e percorri grande parte das cidades e ruínas do vale sagrado. Maras Y Moray, Pisac, Urubamba e Ollantaytambo. No regresso, fiz parte do caminho inca, para poupar o dinheiro do comboio e vi Machu Picchu por baixo, como se fosse pequeno, distante e inalcansável. Na verdade, já tinha Pago $60 pela passagem de comboio para ir até Águas Calientes (Machu Picchu Pueblo), era uma experiência que queria ter. Tive momentos únicos que são difíceis de exprimir. Subi sozinha a ruínas, vi o nascer do sol nas montanhas altas de pisac, apanhei autocarros locais, conheci a cultura serrana e dormi em vales estrelados que tornam esta viagem uma experiência marcante e inesquecível.

Apesar da grandiosidade do complexo que são as ruínas Incas de Machu Picchu, devido ao seu mediatismo e exposicão turística pensava que não ia ser o climax da minha viagem. Acreditava que não ia passar de ser um daqueles sítios que os postais e as fotografias tanto difundem e que quando o contemplamos perde a sua beleza e a sua magia. Tenho de ser honesta, superou as expectativas. Sou muito mais afectada pelas experiências e interacções locais do que pelos ícones turísticos, mas este lugar marcou. E quem me conhece sabe do que falo.  É imponente, mágico e inspirador. Conta histórias milenares num cenário idílico, verde montanhoso entre dois picos que geometricamente perfeitos, Huayna Picchu y Machu Picchu a mais de 3000 metros de altitude formam o complexo. Pois é, os Incas não iam construir a sua última cidade num ambiente impróprio. Ainda me questiono como foi possível construir uma sociedade tão organizada e assente em principios e valores tão fortes há milhares de anos. Assim como, foi tão fácil destruí-la para que imperasse a fé cristã.



Pode vir mais ... quero mais. 

Marcahuasi, as montanhas sagradas de Lima



Há apenas 3 dias no Peru tive a oportunidade de ir até Marcahuasi, as montanhas sagradas de Lima, Património da Humanidade. A cultura serrana do peru é super rica, uma vez que não se deixa influenciar pelo capitalismo feroz e delinquência acelerada que se sente na cidade, preservando costumes e tradições milenares. Pode-se observar rituais, trajes e sorrisos sinceros cansados do sol.  

A subida faz-se através do “pueblo de San Pedro” e está a 4000 mil metros de altura. Os autocarros para subir até este pequeno povoado são em Chosica, um destrito  a sensivelmente 2 horas do centro de Lima. A verdadeira aventura começa na caminhada. O ponto de chegada dos guerreiros dá-se na cratera do vulcão, chamado agora de anfiteatro  e demora entre 3 a 4 horas, dependendo do ritmo que cada um leva. Há também a opção de subir a cavalo, que custa aproximadamente 15  soles (4€). O caminho não está bem delineado e é fácil de se ficar perdido nas montanhas, pelo que ao anoitecer a experiência pode tornar-se um verdadeiro massacre. Na verdade, apesar de ser um ponto turístico está muito pouco explorado, mantendo o ambiente natural e selvagem característico das montanhas dos Andes. 

Um dos momentos altos da minha ida a Marcahuasi foi o inesperado ritual que observei a meio da montanha. Um grupo de serranos largou as vacas pelo montanha deixando os restantes membros a dançar e a festejar ao ritmo de uma banda. Perguntei o propósito da celebração, onde me convidaram a dançar. Depois de dançar, beber e comer percebi que estavam a festejar o mês da ‘virgen de la natividad’ e todos os sábados preparavam aquele ritual para  aumentar a fertilidade das suas vacas. O sol já se tinha posto e o caminho começava a ficar incerto, com muita pena tive de me ir embora, mas de facto a simpatia deste povo é cada vez mais marcante.

Chegada ao acampamento a temperatura começou a baixar e depois de ter a tenda montada, agasalhei-me e nunca mais de lá saí. No dia seguinte despertei-me pronta para ver as misteriosas figuras encravadas nas montanhas deixadas pela ‘cultura nasca‘ (assim o encontrei), que assumem diversas feições humanas. Sorte por ter encontrado o Sr. Wiston, um simpático habitante de San Pedro, cujo negócio é alugar cavalos e burros que prontamente me ajudou a encontrar as figuras. Com muita pena, nada está assinalado. Num cenário virgem e natural houve um povo que deixou a sua mensagem e que irá permanecer por milhares de anos. As paisagens a tal altitude absorvem a mente humana e reduzem-na à sua insignificância. É possível sentir o poder que a natureza tem sobre nós e como nos invade e limpa a alma. Um local a visitar se o destino for Lima.





De volta ao Pacífico




Já passou uma semana e tenho uma imensidão de notas para ordenar e dar vida. Tantas que vou ter de voltar a escrever sobre os mais variados temas. Nunca pensei que num tão curto espaço de tempo conseguisse adquirir tamanha riqueza. Não se paga, não tem valor. É algo que partilho, mas só eu sei o quanto me preenche.  

Não sabia por onde começar e pensar no título ajudou. No início deste ano não sabia como seria a minha vida, mas o mundo é a porta para o despertar da minha essência e rumar à América do Sul tornou-se real. Hoje numa praça em Miraflores tenho tempo para ler e escrever. De facto, a minha pessoa não consegue estar parada e desde que cheguei a Lima ando no meu normal rebuliço. Não importa, é o que me dá vida. Acredito! A perspectiva da distância não me afasta, pelo contrário torna-me mais conhecedora de mim mesmo e por isso mas próxima dos que gosto. Espero por vocês, aqui.

Tive a sorte de reunir alguns contactos no meio do bodyboard e tenho andado de um lado para o outro à procura de ondas, mas não só. Constato que o Peruano é orgulhoso da sua origem, dos seus costumes, do seu país e com toda a certeza da sua gastronomia, o que fez com que não só tenha andado à procura de ondas como a ser guiada por bons restaurantes e atracções. Quanto à comida irei escrever brevemente, porque chega para um só artigo e hoje abre ao público o festival ‘Mistura’, o festival gastronómico onde estão os mais diversos e conceituados restaurantes do Perú a bons preço, que tive a oportunidade de ir ontem a pré-abertura.  O mar tem estado pequenino pelo que o surf tem sido para recarregar energias, embora as expectativas estejam bem elevadas! Também já me inscrevi num shala, para poder dar continuidade à prática de Ashtanga, que por muita sorte, fica perto de casa.  

Sinto-me privilegiada e a viver distintas vidas. A vida do estudante em intercâmbio que conhece o grupo de estrangeiros da universidade, da residência e dos restantes amigos, que fala francês, inglês e espanhol num ambiente multicultural. A vida do local que tem a sua rotina de ir ao surf de manhã, trabalha e vai conhecendo os bons restaurantes e bares. A vida do turista que acaba de chegar ao país e ainda se perde nas ruas, procura com um mapa os locais que interessa e está constantemente a ver novos atractivos. Na verdade estou noutro continente e de volta ao Pacífico :)

Próximo post ... Marcahuasi, as montanhas sagradas de Lima. 




Apostar nas festas populares. Os Santos Populares


Há aproximadamente um ano estava a apanhar o avião em Jakarta com destino a Phuket.   O objectivo, para além de explorar a Tailândia, era partir até à mais famosa festa  no seio dos backpackers que viajam pelo sudoeste asiático, a FULL MOON PARTY, que se realiza na ilha de Koh Phangan. Esta festa é uma forma de comemoração das noites de lua cheia, onde se acredita ser altura de unir as pessoas e de re-criar a vida, e como se pode imaginar, a principal atracção desta ilha. 

Agora por Portugal, não pude deixar os mais variados bailaricos dos bairros populares Lisboetas.  A Bica, Graça ou Alfama são o ponto de encontro durante o mês de Junho em Lisboa. Não escondo que o ponto alto é a grande noite de dia 12 onde se celebra os 7 séculos de devoção ao santo padroeiro, o Santo António, onde os visitantes de todos os géneros, feitos e idades se encontram e confraternizam em harmonia e simplicidade. 


A música popular portuguesa predomina, no entanto de esquina em esquina o conceito muda e facilmente se encontra Swedish House Mafia ou mesmo algo mais electrónico como Steve Aoki nas barracas de bebidas e comidas. Escolher o sítio para dançar depende do gosto musical de cada, mas o mais divertido é, sem dúvida alguma, seguir a maré de pessoas pelas ruas e ruelas ao som dos diversos ruídos. 
O cheiro único a sardinha também não se sente no calor da tailândia, mas uma coisa é certa, faz parte da verdadeira experiência que são os Santos Populares. Decidi  partir para Porto o fim de semana passado para festejar o São João, o santo padroeiro de muitas cidades no norte. Uma noite de verão fantástica, presenteada com lua cheia no seu perigeu, o ponto de maior aproximação à terra. Voltei a sentir o quão únicos são estes rituais, do martelo, do manjerico, da sardinha e da bifana, tal como na Full Moon Party.  Pode ter sido um acto de nostalgia, mas a verdade é que me senti a viver a Full Moon Party em Portugal e inevitavelmente a pensar, porquê é que estas festas não são conhecidas na comunidade de backpackers que viaja pela Europa. Porque é que as nossas principais cidades (Lisboa e Porto) ainda não fazem parte do roteiro obrigatório. Têm festas, têm história, têm alma, têm rio, têm luz e têm personalidade. 

Porquê é que não se promove o mês de junho como o roteiro obrigatório das festividades dos backpackers. Faz um ano em que estava na Tailândia e a comparação veio-me imediatamente à cabeça. É mês de festa para todos os gostos. É mês de celebração das cidades. É mês para promover as nossas cidades.








Copyright © 2014 Get to know